domingo, 23 de novembro de 2008

Silva Gaio -Disse-me um dia à mente o Coração

Disse-me um dia à mente o Coração:

"Quando me lembro que os fogos da Quimera

Teu amor imolei, fria Razão,

Logo um vago terror me aflige e altera;


Porque temo não vás, fada severa,

Para agora punir minha traição,

Do teu porto negar-me a paz austera

Ao ver-me naufragante da Ilusão!"



Mas a Razão, serena, respondeu:

"Descansa, Coração; se me traíste,

Já meu alto ditame te absolveu,


Pois li sempre através do que tentaste

Na mentira de quanto possuíste

A verdade de quanto desejaste".

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