domingo, 14 de fevereiro de 2010

Porque não antes o nada?

"Numa situação de grande desespero, por exemplo, quando todo o peso ameaça escapar das coisas e todo o sentido se obscurece, surge a questão. Talvez de um modo insinuante, como um toque ao de leve, uma badalada surda de sino, que ecoa na existência, para de novo se esboroar aos poucos. Num júbilo da alma aparece a questão, porque aqui todas as coisas parecem transformadas, rodeando-nos como se pela primeira vez, como se antes pudéssemos compreender que elas não são do que elas são, e serem tal como são. A questão aparece numa monotonia, em que nos encontramos tão distantes do desespero como do júbilo, em que, no entanto, a tenaz banalidade do ente espalha um tal vazio que faz evocar em nós uma indiferença em relação à questão do ente ser ou não ser, o que faz ecoar, de novo, e de forma especial, a questão: Porquê é afinal ente e não antes Nada?"
Martin heiddegger in  Introdução à Metafísica

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