sábado, 28 de novembro de 2009

Legendary Tiger Man "Life Aint Enough For You"

Fui ontem à Fnac Coimbra assistir ao concerto deste senhor e só não comprei imediatamente o Álbum porque não tinha dinheiro comigo...
Gostei bastante do novo trabalho do Paulo furtado - the legendary tigerman. É daqueles álbuns em que carregamos no play e nos sentamos a olhar pro tecto e a fumar cigarros...
Neste vídeo escusam de se questionar...Sim! é a Asia Argento que contracena com ele...O vídeo tá muito bem feito mesmo.
Quanto ao álbum chama-se "Femina" e realço: este é daqueles que vale mesmo a pena comprar e ter na colecção.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O vento destes dias lembrou-me disto...

"O vento da outra noite derrubou o Amor
Que, no mais misterioso recanto do parque,
Nos sorria, ao esticar malignamente o arco,
E cujo ar nos fez meditar com fervor!

O vento da outra noite derrubou-o! O mármore
com o sopro da manhã, disperso, gira. É triste
Olhar o pedestal, onde o nome do artista
Se lê com muito esforço à sombra de uma árvore,

É triste ver em pé, sozinho, o pedestal!
Melancólicos vêm e vão pensamentos
No meu sonho, onde o mais profundo sofrimento
Evoca um solitário futuro fatal.

É triste! — E mesmo tu, não é? ficas tocada
Plo cenário dolente, embora te divirtas
Com a borboleta rubra e de oiro, que se agita
Sobre a alameda, além, de destroços juncada."

Paul Verlaine
Tradução de Fernando Pinto do Amaral

domingo, 22 de novembro de 2009

Razões para estar acordado às 03:14

Penso em ti no silêncio da noite, quando tudo é nada,

E os ruídos que há no silêncio são o próprio silêncio,

Então, sozinho de mim, passageiro parado

De uma viagem em Deus, inutilmente penso em ti.




Todo o passado, em que foste um momento eterno

E como este silêncio de tudo.

Todo o perdido, em que foste o que mais perdi,

É como estes ruídos,

Todo o inútil, em que foste o que não houvera de ser

É como o nada por ser neste silêncio nocturno.




Tenho visto morrer, ou ouvido que morrem,

Quantos amei ou conheci,

Tenho visto não saber mais nada deles de tantos que foram

Comigo, e pouco importa se foi um homem ou uma conversa;

Ou um [...] assustado e mudo,

E o mundo hoje para mim é um cemitério de noite

Branco e negro de campas e [...] e de luar alheio

E é neste sossego absurdo de mim e de tudo que penso em ti.


Álvaro de Campos

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Citação

"A liberdade não consiste só em seguir a sua própria vontade, mas às vezes também em fugir dela"
Kobo Abe

Jeff Buckley- Lover, You Should've Come Over

Na semana em que Jeff Buckley faria 43 anos, se não se tivesse "afogado"...vejo-me obrigado a prestar tributo a este SENHOR da música!
Foi um concerto deste génio que inspirou um tal de senhor Yorke a escrever fake plastic trees :)
"Grace" é, sem dúvida alguma, um dos álbuns da minha vida!
O concerto no Olympia é provavelmente uma das cenas mais marcantes que já ouvi...
Para quem não conhece, ouça e tome muita atenção às letras porque além de músico completo, Jeff Buckley foi mais poeta que muitos que assim se intitulam...
Tudo na música de jeff Buckley transpira sentimento, alma, verdade...

A angústia

Nada em ti me comove, Natureza, nem
Faustos das madrugadas, nem campos fecundos,
Nem pastorais do Sul, com o seu eco tão rubro,
A solene dolência dos poentes, além.

Eu rio-me da Arte, do Homem, das canções,
Da poesia, dos templos e das espirais
Lançadas para o céu vazio plas catedrais.
Vejo com os mesmos olhos os maus e os bons.

Não creio em Deus, abjuro e renego qualquer
Pensamento, e nem posso ouvir sequer falar
Dessa velha ironia a que chamam Amor.

Já farta de existir, com medo de morrer,
Como um brigue perdido entre as ondas do mar,
A minha alma persegue um naufrágio maior.


Paul verlaine

Tradução de Fernando Pinto do Amaral

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Olha o que havia no século XV...

BALADA DOS ENFORCADOS
Irmãos humanos que depois de nós viveis.
Não tenhais duro contra nós o coração.
Porquanto se de nós, pobres, vos condoeis.
Deus vos concederá mais cedo o seu perdão.
Aqui nos vedes pendurados, cinco, seis:
Quanto à carne, por nós demais alimentada.
Temo-la há muito apodrecida e devorada,
E nós, os ossos, cinza e pó vamos virar.
De nossa desventura ninguém dê risada:
Rogai a Deus que a todos queira nos salvar!

Chamamo-vos irmãos : disso não desdenheis.
Apesar de a justiça a nossa execução
Ter ordenado. Vós, contudo, conheceis
Que nem todos possuem juízo firme e são.
Exculpai-nos – que mortos, mortos, nos sabeis -
Com o filho de Maria, a nunca profanada;
A sua graça, para nós, não finde em nada,
No inferno não nos venha o raio despenhar.
Ninguém nos atormente, a vida já acabada.
Rogai a Deus que a todos queira nos salvar!

A chuva nos lavou, limpou-nos, percebeis;
O sol nos ressequiu até à negridão;
Pegas, corvos cavaram nossos olhos – eis! -,
Tiraram-nos a barba, a bico e repuxão.
Em tempo algum tranquilos nos contemplareis:
Para cá, para lá, o vento de virada
A seu talante leva-nos , sem dar pousada;
Mais que a dedal, picam-nos pássaros no ar.
Não queirais pertencer a esta nossa enfiada.
Rogai a Deus que a todos queira nos salvar!

Príncipe bom Jesus, de universal mandar,
Guardai-nos, ou o inferno nos arrecada:
Lá nada temos a fazer, nada a pagar.
Homens, aqui a zombaria é inadequada:
Rogai a Deus que a todos queira nos salvar

François Villon
(trad. Péricles Eugênio da Silva Ramos)

sábado, 14 de novembro de 2009

Sonho de uma noite de Outono

Sonho a preto e branco

texturas desfiguradas

perdidas em ti…

Vejo prados cinzentos

Iluminados pela luz ofuscante

De um olhar vazio…

Ensurdece-me o nada

Que estas correntes preservam…

Uma voz agonizante percorre

A paisagem e vem morrer em mim…

A brisa torna-se em ausência

E acaba só…

As árvores dançam em meu redor

Celebrando, sempre, frias e distantes…

O impetuoso corvo pousa

Numa vedação antiga

E estende-me a sua asa…

Uma sensação de pesar

Percorre-me o peito…

Tento arrancar a dor

E caio de joelhos no chão…

O pulsar é mais fraco

O fim está próximo…

E quão belo é o requiem

Que toca agora incessantemente…

Quão grande é a extensão

Desta perfeição...

Quão doce é o desassossego

Da misantropia…

Caio sobre as costas,

E largo a espada…

Caiu o escudo e

Fiquei mais leve…

Eternamente perdido

E para sempre encontrado

Em mim…

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Rammstein - Ohne Dich

Tive o enorme prazer de ter estado no Pavilhão atlântico ontem, dia 8 e presenciar o início da tour dos RAMMSTEIN!!!! Foi um espectáculo que não me frustrou as expectativas!!!Apesar das dores por todo o corpo, QUERO MAIS!!!!
Esta é, em minha opinião uma prova que a língua alemã também pode ser romântica...Esta balada Ohne dich, em português, "Sem ti" é das cenas mais lindas que já ouvi!

Para quem quiser está aqui a letra em alemão:



Ich werde in die Tannen gehen,
Dahin, wo ich sie zu letzt gesehen

Doch der Abend wirft ein Tuch aufs Land,
Und auf die Wege hinterm Waldesrand

Und der Wald er steht so schwarz und leer,
Weh mir oh weh, und die Vögel singen nicht mehr...

Ohne dich kann ich nicht sein – Ohne dich,
Mit dir bin ich auch allein - Ohne dich.
Ohne dich zähle ich die Stunden – Ohne dich,
Mit dir stehen die Sekunden – Lohnen nicht.

Auf den Ästen in den Gräben,
Ist es nun still und ohne Leben

Und das Atmen fällt mir ach, so schwer,
Weh mir oh weh, und die Vögel singen nicht mehr...

Ohne dich kann ich nicht sein – Ohne dich,
Mit dir bin ich auch allein - Ohne dich. (Ohne dich)
Ohne dich zähle ich die Stunden – Ohne dich,
Mit dir stehen die Sekunden – Lohnen nicht, ohne dich.

Ohne dich

Und das Atmen fällt mir ach, so schwer,
Weh mir oh weh, und die Vögel singen nicht mehr...

Ohne dich kann ich nicht sein – Ohne dich,
Mit dir bin ich auch allein - Ohne dich (Ohne dich)
Ohne dich zähle ich die Stunden – Ohne dich,
Mit dir stehen die Sekunden – Lohnen nicht, ohne dich

Ohne dich

Ohne dich

Ohne dich

Ohne dich


E aqui está a tradução em Inglês:
I will go into the firs,
there where I her last seen,
but the evening threw a cloth onto the country,
and on the ways term edge of forest,
and the forest rises so black and empty,
pain
me oh pain,
and the birds do not sing no more

Without you I cannot be,
without you,
with you am I also alone,
without you,
without you count ' I the hours,
without you,
with you the seconds stand,
are not worth

On the branches in the ditches,
it is now quiet and without lives,
and breathing falls me oh so heavily,
pain me oh pain,
and the birds do not sing no more

Without you I cannot be,
without you,
with you am I also alone,
without you,
without you count ' I the hours,
without you,
with you the seconds stand,
are not worth, without you

and breathing falls me oh so heavily,
pain oh pain,
and the birds do not sing no more

Without you I cannot be,
without you,
with you am I also alone,
without you,
without you count ' I the hours,
without you,
with you the seconds stand,
are not worth, without you

Without you!
Without you!
Without you!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Monólogos ao acaso

"It doesn't matter what I do...or what I choose...
I'm what's wrong...
And there's nothing
I can do about it...
If
I'm not hurting myself, I'm hurting everyone around me...
And there's nothing
I can do about it...
I'm broken..."

"Debra Morgan" em "Dexter-episódio 5, 4ªtemporada"

Theatre Of Tragedy : And When He Falleth

Música 5 do "Velvet darkness they fear", o melhor Álbum dos Theatre of tragedy, sem dúvida alguma.
Esta música é uma daquelas que marcou a minha juventude...Não significando isto que goste do Saramago!



Be my kin free fro varnal sin
Bridle the thoughts of thy Master

(There hath past away a glore fro the Earth
A glore that in the hearts and minds of men
Men dementéd, blindfoldéd by light
Hourisheth as weed in their well-groom'd garths)

(Might I too was blindfoldéd ere)
The quality of mercy and absolution
(Tho' years have master'd me)
Whence cometh such qualities?
(A masque of this to fashion)
Build thyself a mirror in which
(Seer blest, thou best philosopher)
Solely wanton images of thy desire appear

(Tis the divine comedy)
Tis the divine tragedy
(The fool and the mocking court)
The fool and the mocking court
(Fool, kneel now and ring thy bells)
Fool, kneel now and ring thy bells
(We hold the Earth fro Heaven away)
Make us guffaw at thy futile follies
Yet for our blunders, oh, in shame
Earth beareth no balm for mistakes
(We hold the Earth fro Hell away)
We hold the Earth fro Hell away

- That cross you wear around your neck... Is it only a decoration or are you a true Christian believer?
- Yes, I believe, truly.
- Then I want you to remove it at once and never to wear it within this castle again! Do you know how a falcon is trained my dear? Her eyes are sown shut. Blinded temporarily she suffers the whims of her God patiently, until her will is submerged and she learns to serve. As your God taught and blinded you with crosses.
- You had me take off my cross because it offended...
- It offended no-one. No, it simply appears to me to be discourteous to... to wear the symbol of a deity long dead. My ancestors tried to find it. And to open the door that seperates us from our Creator.
- But you need no doors to find God. If you believe...
- Believe? If you believe you are gullible. Can you look around this world and believe in the goodness of a god who rules it? Famine, pestilence, war, disease and death! They rule this world.
- There is also love and life and hope.
- Very little hope I assure you. No. If a god of love and life ever did exist... he is long since dead. Someone... Something rules in his place.

(Believe? In a deily long dead?
I would rather be a pagan suckléd in creeds outworn
Whith faärtytales fill'd up in head
Thoughts of the Book stillborn)

Shadow of annoyance, ne'er come hither
And when He falleth, he falleth like Lucifer
Ne'er to ascend again, ne'er to ascend again