Séneca
"«deixarás de ter medo quando deixares de ter esperança». Perguntarás tu como é possível conciliar duas coisas tão diversas. Mas é assim mesmo, amigo Lucílio: embora pareçam dissociadas, elas estão interligadas. Assim como uma mesma cadeia acorrenta o guarda e o prisioneiro, assim aquelas, embora parecendo dissemelhantes, caminham lado a lado: à esperança segue-se sempre o medo. Nem é de admirar que assim seja: ambos caracterizam um espírito hesitante, preocupado na expectativa do futuro.
A causa principal de ambos é que não nos ligamos ao momento presente antes dirigimos o nosso pensamento para um momento distante e assim é que a capacidade de prever, o melhor bem da condição humana, se vem a transformar num mal. As feras fogem aos perigos que vêem mas assim que fugiram recobram a segurança. Nós tanto nos torturamos com o futuro como com o passado. Muitos dos nossos bens acabam por ser nocivos: a memória reactualiza a tortura do medo, a previsão antecipa-a; apenas com o presente ninguém pode ser infeliz! "
A causa principal de ambos é que não nos ligamos ao momento presente antes dirigimos o nosso pensamento para um momento distante e assim é que a capacidade de prever, o melhor bem da condição humana, se vem a transformar num mal. As feras fogem aos perigos que vêem mas assim que fugiram recobram a segurança. Nós tanto nos torturamos com o futuro como com o passado. Muitos dos nossos bens acabam por ser nocivos: a memória reactualiza a tortura do medo, a previsão antecipa-a; apenas com o presente ninguém pode ser infeliz! "
8 comentários:
Absolutamente fantástico este pensamento! Não poderia deixar de fazer mais sentido para mim neste momento...em que a memória do que foi destruído reactualiza a tortura do meu medo e a tentativa de prever o futuro o antecipa...
Mas haverá forma de deixarmos de ser espíritos hesitantes, preocupados na expectativa do futuro?...
P.S.: Não era minha intenção fazer qualquer tipo de plágio, ao tomar como minhas algumas palávras do "teu" Séneca...mas concordei tanto com elas que não pude deixar de as integrar na minha reflexão!
ponto de vista da Razão pura: -claro que não há forma de deixarmos de ser espíritos hesitantes...é isso que nos distingue dos animais...
Ponto de vista emocional - enquanto houver esperança haverá medo (nem que seja de a perder)...o que poderá acontecer é perderes a esperança...o que fará com que o medo se comece a evaporar...mas aí já estaremos mortos por dentro...por isso já nao importará porque aí estamos perante um problema bem maior...
p.s. deixaremos de hesitar quando o cerebro começar a bater no peito... :)
Não diria ponto de vista da razão, mas de um reducionismo organicista...existem muito mais coisas que nos distinguem dos animais!...Aliás, nunca me fizeram muito sentido essas comparações dos humanos com os animais pois, do meu ponto de vista, é muito mais aquilo que nos distingue, do que aquilo que nos assemelha!
Relativamente ao ponto de vista emocional, concordo...mas penso que a dificuldade está precisamente em conseguir equilibrar a esperança e o medo...pois deixa de haver esperança quando o medo se eleva de tal forma, ao ponto de a conseguir aniquilar...e aí, já sem nada para consumir, também o medo se dissipa...daí o morrer por dentro...
Tento olhar em volta e questionar-me sobre a quantidade de pessoas mortas por dentro com quem contacto ocasionalmente...prefiro nem saber a resposta...
Gostei dessa do cérebro a bater no peito! :) Mas começo a questionar-me acerca das vantegens e desvantagens dessa "deslocação"...huummm...difícil de ponderar...
sim, por vezes o medo do vazio...faz com que só esse medo sobre...e se devore..nos auto-destrua...
quanto à quantidade de pessoas mortas por dentro...enfim...só se diferenciam pelo tipo dessa morte...quantas delas serão heróicas...não sei...
vnatagens: poderás viver tudo de bom a 100%...
desvantagens: tudo de mau tb a 100%...
Pim pam pum...cada bola mata um... :)
Boa perspectiva!...É o tudo ou nada!...E cabe-nos a nós próprios decidir...sendo que, é uma condenação arriscar e uma privação não arriscar...o eterno dilema...
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